quarta-feira, 29 de abril de 2009

O Sapo


A foto foi tirada próxima à parede de Gargalheira, na noite em que o açude começou a sangrar. O animal era imenso, do tamanho de um paralelepípedo e me chamou atenção. Então resolvi fotografar esse personagem que é sempre tão estigmatizado e injustiçado. Ao contrário da maioria das pessoas, sempre simpatizei com a espécie e volto a citar o meu saudosa avô Manoel José Fernandes, o Seu Bilé, como responsável por essa afeição pelo animal. Lembro a forma sempre respeitosa que ele tratava o anfíbio e o vi, muitas vezes, repreender pessoas que judiavam deles. Outro dia, conversando com Dona Bel, minha mãe, ela relembrou um fato ocorrido, em que o injustiçado foi protagonista e passarei a narrar de forma breve.

No final de uma seca vivenciada em tempos remotos, já próximo ao início do período das chuvas (se é que elas viriam), Seu Bilé (meu avô materno) mandou que cavassem uma cacimba para a bebida do gado. Infelizmente ela não deu água, mas o grande buraco ficou aberto e exposto. Vieram as chuvas e ele se encheu, servido de viveiro para os girinos. Só que, por se tratar de um buraco íngreme, após a metamorfose, os anfíbios não conseguiam sair. Então seu Bilé mandou que colocassem estacas para servir de escada e os sapos que lotavam a cacimba pudessem subir. Ele o fez despretenciosamente, só por piedade dos animais. Mas naquele ano, a lagarta atacava implacavelmente a babugem e os roçados de algodão. O que se sucedeu e que Seu Bilé, vez por outra, nos contava, foi que os sapos libertos travaram uma batalha acirrada com a praga instalada, debelando o ataque e literalmente salvando a lavoura.

Nascido pra ser cantor,
Trabalhar, fazer o bem
Só a beleza, não tem
Nem seu corpo tem calor
Mas é um ser de valor
Que trabalha a noite inteira
Combatendo na trincheira
Qualquer inseto ou praga
Sua língua é uma adaga
De estocada certeira

Na noite faz sua feira
Sem cochilar um segundo
Faz a faxina do mundo
Sem parar ou fazer cera
De dia tá na ribeira
Ou dormindo na lagoa
Na hora quente se amoa
Espera a noite chegar
Para logo trabalhar
Quando chega a hora boa

Não tem pressa e não voa
Mas é bicho eficiente
Passando a sua frente
Sua língua não perdoa
Rapidamente arpoa
Como o laço de um vaqueiro
Eficiente e certeiro
Se ele pegar, não solta
Com a língua dá uma volta
E recolhe-a ligeiro

Tem um bicho traiçoeiro
Que vive na covardia
Por ter-lhe antipatia
Sem motivo verdadeiro
Quando pega, no terreiro
Bota brasa a sua frente
Para engolir, de repente
E gozar da sua dor
Matando o trabalhador
Por ele ser diferente

Não comendo a brasa ardente
Não está salvo do mal
Pois podem colocar sal
Atitude inclemente
Matando o pobre vivente
Que já nasceu condenado
Mesmo não sendo culpado
Um juiz sem coração
Executa sem perdão
Seu algoz é um desalmado

Ser feio e malamanhado,
Estranho e diferente
É o pecado desse ente
Para ser discriminado
Cruelmente desprezado
Sem nada que justifique
Que alguém lhe crucifique
Só por não portar beleza
Faço a sua defesa:
Não o judeie, não o sacrifique

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sangria da Barragem de Umari



















Sempre tive um verdadeiro fascínio pelas sangrias de açudes. Independente do porte do reservatório e da beleza proporcionada pelo evento, a sinalização de que a sua cota máxima foi atingida anuncia que a prosperidade e a bonança pairam sobre nossas cabeças. A espuma branca que jorra pelo sangradouro não é só colírio: é um bálsamo para a alma. Apaga todo o sofrimento da temporada árida passada e repõe as forças do sertanejo, dando-lhe a disposição necessária ao enfrentamento de novas jornadas.

Ontem (26/04), pela manhã, estive na Barragem de Umari, localizado à 8 km da cidade de Upanema. Trata-se do terceiro maior reservatório do estado, com capacidade 292 milhões de metros cúbicos e represa o Rio do Carmo, pertencente a bacia Apodi/Mossoró. Concluída em 2002, a barragem ainda não tinha sangrado, fato que veio a ocorrer pela primeira vez nesta quinta-feira (23/04).

São 2,3 km de extensão do coroamento da parede, toda feita em concreto compactado. É uma obra realmente fantástica, para não dizer faraônica (sem conotação pejorativa). No ponto mais alto, a parede chega a 42 metros de altura e o seu lago ocupa uma área de 3,5 mil hectares. Numa breve comparação com o nosso cinquentenário açude, são cinco Gargalheiras em área do lago e mais de sete, em volume de água.

O ponto negativo é que não há estrutura alguma de atendimento a ser oferecida aos visitantes. Nem mesmo algo precário. Mas como os olhos não necessitam dela (a não ser, de óculos, às vezes) para a contemplação, isso não é problema. Aos que se dispuserem ao "sacrifício" de conhecer a barragem, aconselho levar, além da câmera fotográfica, água ou a bebida de sua preferência.

sábado, 25 de abril de 2009

Perigo nas Estradas






Dia 20/04 enviei ao blogueiro amigo Paulo Martins, o email abaixo, que foi postado por ele em seu blog, na mesma data:

Caro Paulo Martins,


Como o amigo sabe, sou seridoense de Acari e há dois anos o destino, utilizando-se da nossa condição humana de dependente do trabalho, quis que eu me radicasse na região Oeste do estado. Desde então fixei residência em Mossoró, cidade que aprendi a gostar e região que cada vez mais admiro, seja pela sua pujança na geração de riquezas, como também (e principalmente) pelas suas belezas naturais.


Sempre que posso, busco conhecê-la melhor e quanto mais eu me deparo com locais que até então desconhecia a existência, mais me encanto com as belezas do nosso estado. Acho que todo potiguar, antes de cogitar conhecer outras regiões (às vezes até outras nações), deveria ser melhor inteirado do que o seu próprio estado tem a oferecer: um litoral belíssimo; um relevo cheio de belas obras de arte esculpidas pelo tempo; e uma cultura secular, que cada vez mais é absorvida pela globalização do “modernismo”, junto com todas as suas pragas e mazelas.


Esse final de semana meu destino foi a “tromba do elefante”. Eu e mais um grupo de amigos resolvemos dar uma esticadinha até Martins, serra belíssima e clima mais que agradável. Mas o que começou com o desejo de explorar e desfrutar dos encantos da nossa região, quase acaba em tragédia e por esse motivo resolvi te escrever.


Na ida tudo transcorreu bem. A viagem foi tranquila, já que a estrada está bem cuidada e devidamente sinalizada. Na volta, nada indicava que seria diferente. Tempo nublado, clima agradável. Eu e um amigo vínhamos de moto, cada um com um filho na garupa, seguidos por nossas esposas, que vinham de carro, com o resto da prole. Na saída de Caraúbas para Governador Dix-sept Rosado, o tempo fechou. Um toró forte nos pegou de surpresa, mas tudo bem: estávamos devidamente preparados para isso. Os agasalhos nos protegiam da chuva, que apenas nos requisitava uma cautela maior na condução na estrada.


Passado o momento de chuva mais intensa, aceleramos um pouco em direção a Governador, para recuperarmos o tempo perdido. Eis que nesse exato momento, em um horário que a luz do sol não ilumina tão bem, nem a luz artificial dos veículos é capaz de colaborar com a nossa visão, nos deparamos subitamente com um lote de jumentos cruzando o asfalto. Não havia tempo para frear, nem espaço para passar, mas não sei como (e sei: Deus) conseguimos passar incólumes. Tenho absoluta convicção que em cima do asfalto não havia um outro espaço que permitisse a nossa passagem (e tão somente a nossa passagem).


Eu vinha à frente e quanto desviei, buzinei. Para a nossa sorte (graça Divina) o bando se afastou o suficiente para a passagem dos veículos que vinham logo atrás. O restante do trajeto, reduzimos bastante a velocidade e seguimos testemunhando a irresponsabilidade alheia. Até chegar em Mossoró passamos por, pelo menos, mais uma meia dúzia de animais, fora os que repousavam sem vida à beira do asfalto. Restou, como “cicatriz” da viagem, a gratidão a Deus pela proteção que nos permitiu retornar sãos e salvos.


Sei do alcance do seu blog e acredito que os nossos homens públicos não são insensíveis e podem perfeitamente cumprir suas obrigações, desde que a demanda seja exequível e a causa seja justa. Com esse meu relato, fico com a consciência tranquila por ter feito a única coisa que me cabe, que é reivindicar aos que são responsáveis pela segurança nas estradas, que providências sejam tomadas. Diante de tantas taxas e impostos cobrados nos licenciamentos de veículos, isso é mínimo que os órgãos responsáveis poderiam nos dar como retorno. Seria muito bom que as demais pessoas que também se sentem incomodadas com a situação, passassem a se manifestar e cobrar providências a quem de direito.


Forte abraço,


Pedro Augusto.


http://paulomartinsblog.zip.net/

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Vida


Uma idéia é erguida
Em um pensamento raso
Se creditando ao acaso
O surgimento da vida
Teoria sem saída
Se a natureza depor
E o incrédulo dispor
De um olhar abrangente
Verá em cada vivente
O dedo do criador

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

Angústia



Mesmo estando tão perto
Tudo parece distante
Naquele breve instante
Não pareço estar liberto
Agonizo num deserto
Onde a vida é miragem
É irreal a paisagem
Já que em nada se toca
O impossível, sufoca:
Sensação de carceragem

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Soprano Alado




Algumas lembranças da infância teimam em nos acompanhar, bem vivas, durante toda a nossa existência. Foram momentos que se transformaram em ensinamentos que fazemos questão de preservar de forma intacta.
Eu, ainda criança, acompanhando Vovô Bilé no retorno do Açude do Sítio Benedito para casa sede. Após admirá-lo com encanto abrindo a tarrafa em lances perfeitos, passávamos pelo roçado, onde ajudava-o a trazer feijão verde, milho, jerimum e melancia. O ano, não lembro. Mas certamente era um ano bom de inverno, como este, e a década era a de 70. Ao chegarmos à sede, sentávamos no alpendre, ele escolhia a melhor melancia com algumas batidas com o dedo; abria com a faca peixeira e saboreávamos aquela fruta de paladar único, enquanto algum morador, que tinha nos acompanhado na pescaria, tratava os peixes. Em seguida cravava as cascas da melancia em estacas de cerca, para assistirmos a passarada vir fazer a sua ceia. Esse ritual se repetia sempre. Certa vez eu disse a ele que gostaria de pegar alguns daqueles passarinhos para criar. Então ele, com a resposta própria dos sábios, respondeu: - Para quê, meu filho? Você gostaria de estar preso? Os pássaros são muito mais belos quando soltos. Com uma lição aprendi duas: valorizar a nossa liberdade e a beleza dos pássaros livres.


É triste um pássaro nobre
Estar mais para uma lenda
Sem ninguém que o defenda
Do alçapão, destino pobre
A fama que o recobre
De belo cantor cativo
Metido a possessivo
Lhe priva da liberdade
Não aceita intimidade
Briga por qualquer motivo

Mesmo sendo agressivo
O homem lhe derrotou
Perseguiu, engaiolou
Com seu gênio destrutivo
Esse pássaro altivo
Transformado num troféu
Devia habitar o céu
Mas tá preso na gaiola
A forca que o degola
É inclemente e cruel

Só a Princesa Isabel
Poderia alforriar
E à liberdade, guiar
O preso que não é réu
Se pudesse, esse cordel
Já teria decretado
Num ato, abjugado
Através de um induto
Rendendo-lhe o tributo
De cantor “Soprano Alado”

Qual seu crime? Seu pecado?
Ser bonito e cantador
Na rinha, um brigador
Por isso muito afamado
Pra não ser encarcerado
Mesmo não fazendo mal
Só nascendo outro animal
No canto, deficitário
Em vez de ser um canário
Terá que nascer pardal


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)



domingo, 12 de abril de 2009

Sangria II


Hoje cedinho(12/04), já levantei com o pensamento de ir bater continência, na primeira ação do dia, ao Marechal Dutra. Resolvi ir caminhando por dois motivos: desfrutar dos benefícios da atividade física e também para poder contemplar melhor o belo trajeto para o nosso "Monte Sião". Levei a câmera fotográfica para tentar cristalizar momentos que a retina de acariense sempre se encanta e grava na memória, mas a habilidade de fotógrafo amador é incapaz de um registro competente. Mesmo assim, resolvi arriscar.

Deixando a Vedete do Seridó, o cenário de beleza, onde a própria natureza vai preparando o espírito para o espetáculo, que imagino já esteja acontecendo: a aparição do véu de noiva. Em determinado momento tive que apressar o passo, senão não chegava ao destino, empalhado fotografando e admirando suas serras, cordilheira.


Ao chegar na curva do Café Torrado, vem a lembrança dos acarienses que hoje não mais se encostam no alambrado da parede para apreciar a sangria, mas que certamente continuam a se encantar, debruçados na varanda celeste. Nesse momento vem outro pensamento: certamente daqui a pouquinho a peregrinação dos "romeiros" vai aumentar, intensificando o fluxo de veículos. A euforia, a bebida e o trânsito intenso pode resultar em desfechos que me fez parar um pouco e pedir a Deus para que nada de mau aconteça.




Deixando o perigoso "s" do Café Torrado para tras, o "Pão de Açúcar" resplandece, junto com a primeira vista da Pousada que aparece indefesa e insignificante, diante da imensidão do maciço de granito e da explosão de vida que a natureza proporciona.

Na entrada da vila, o paredão rajado da Serra do Minador me dá as boas vindas.


Na primeira vista da água do açude, a Pedra do Avião se apresenta e passa a me acompanhar no trecho final do trajeto, antes...

...e depois da vila, como que uma guia, nos conduzindo ao espetáculo apoteótico que se segue.

Uma última olhada no "Pão de Açúcar", com a água minando da Serra do Abreu, parecendo um espelho sobre a rocha. Ouço o ronco vindo da garganta mais famosa e preparo o espírito para a cena que está por vir.










A partir daí, as palavras se tornam desnecessárias e perdem o seu significado. Apenas 10 cm de lâmina d'água que se projetava a partir do concreto, na manhã do domingo de páscoa, seria capaz de estender um véu de magia e encanto, que marca profundamente a alma de todo aquele que se atreve a decerrar os olhos diante de tanta beleza. As imagens falam.

sábado, 11 de abril de 2009

Sangria




...e o que parece até o mar inicia a sua caminhada em direção a ele. Agora a pouco, por volta das 20:20h (horário extra-oficial), Gargalheira começou a sangrar. O maior espetáculo das águas do Seridó começa de forma tímida; o véu da noiva está sendo preparado para ser exibido, com toda a sua exuberância e beleza, na manhã do domingo, quando a lâmina d'água já deverá ser forte o suficiente para produzir a tão esperada cortina de espuma. Acari está em festa e o cinquentenário do açude já está coroado.

Quase



Creio que as fotos exprimem o limite da palavra "quase". Foram tiradas agora pela manhã (11/04-08:00h) e mostram Gargalheira no limiar da sangria. Agora a medição não é mais em centímetros e sim em gotas d'água. Na primeira foto é possível observar que a marola em alguns momentos já conseguiu transpor o concreto, escorrendo e deixando o seu rastro na alvenaria imponente.

“Quase” define o fracasso
Ou então o retrocesso
Desculpa sem substância
Crasso erro no processo
De quem não levou a cabo
Incorrendo no regresso


Retrato do insucesso
Quase ser um aprovado
Quase que tirar na sena
Quase que o gol foi marcado
Quem é quase o que quis ser
Sempre será um frustrado


Quase teve um passado
Nunca terá um futuro
Não terá o alicerce
Que sustentará o muro
Tentará se segurar
Mas nunca estará seguro


Sempre um fim prematuro
Reserva-lhe o destino
O que é quase legal
Sempre será clandestino
Quem quase age com honra
Sempre será um cretino


Sempre será um mofino
Quem quase é corajoso
Quem perdeu uma disputa
Quase foi vitorioso
O que é quase de graça
Sempre é muito oneroso


Se quase fica gostoso
O prato não tem sabor
Se é quase preciosa
A pedra não tem valor
De uma quase lealdade
Sobrevive o traidor


Se quase que sente amor
A paixão não se promove
A nuvem quase deságua
No dia em que não chove
Açude quase sangrando
A beleza não comove


Mas nada que desaprove
Quem o “quase” valoriza
É tão forte e incisivo
Que a vida, na divisa
Quem quase que está vivo
Morreu. Não mais agoniza

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Ônus Profano



Como em um breve aceno
O verde logo amarela
Se despedindo, sem trela
Folhas caem no terreno
Parece tomar veneno
A vida se dilacera
Quando a aridez supera
Transformando em deserto
Mesmo estando liberto
A seca nos encarcera

Esse tempo que impera
Na maior parte do ano
Aleija de qualquer plano
O fraco se desespera
O vento que vocifera
Carregando a umidade
Também leva pra cidade
Quem não suporta o sufoco
Entre espinhos e tocos
É dura a realidade

Indescritível maldade
Se faz com o trabalhador
Mutilado do labor
Perde a dignidade
Vivendo de caridade
Da esmola oficial
O Governo Federal
Em vez de a vara lhe dar
Ensinando a pescar
Já dá o peixe com sal

Dar-lhe bolsas é um mal
A esmola desapruma
O sujeito se acostuma
Com um vício amoral
Esse é o seu final
Passa a estorvo humano
Um problema suburbano
Quem plantou e produziu
Alimentou o Brasil
E hoje é um ônus profano

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

PS: Peço desculpas aos frequentadores deste espaço para colocar o quadro "Retirantes", de Portinari, com um poema meio fora de propósito, em um ano que promete ser de fartura. Mas
é que acho esse momento oportuno para uma reflexão sobre o que está por vir e o que foi feito para mudar o futuro. Será que o Nordeste vai ser perpetuamente condenado a "ônus profano"
do Brasil e a única coisa a ser feita é a distribuição de bolsas?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Doce Lembrança


Foto: David Clemente

Mergulho no pensamento
De uma lembrança sublime
Que singelamente exprime
O prazer de um momento
Feito um barco ao vento
Velejando na memória
Numa doce trajetória
Refletida no presente
Cada emoção latente
Faz da vida, uma glória

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)