domingo, 23 de agosto de 2009

Da Vida



Foi com um profundo pesar que, só agora a pouco, tomei conhecimento do falecimento do acariense Nequinho Lúcio, ocorrido anteontem (21). Homem íntegro e simples, Nequinho tinha o dom de, com um simples e rotineiro “bom dia”, tornar o dia realmente bom, daquele que era por ele cumprimentado. O seu desprendimento na saudação era algo que inexplicavelmente fazia muito bem. Apesar do pouco contato e da quase nenhuma convivência, aprendi a admirar o seu jeito discreto e o seu estado de espírito, sempre sereno e, ao mesmo tempo, simpático e cortês com todos. A tristeza da sua partida só é amenizada pela certeza de que a sua jornada de vida o habitou a um generoso espaço no Reino de Deus.

Na convicção de que a sua família encontrará conformação na prática católica, que sempre se fez presente no seu seio, utilizo-me da pessoa do seu filho Erivonaldo - exemplo de pai, filho e, sobretudo, irmão - para me solidarizar com todos os seus.

Da Vida

A ambição e a vaidade
Reduzem qualquer cristão
A uma ínfima fração
Do seu valor, de verdade
É uma insanidade
Ter um orgulho profundo
O fútil, não é fecundo
Nada de bom e de belo
Nem mesmo o pó do chinelo
Nós levamos deste mundo

Da vida, só carregamos
No momento que partimos
Da obra que construímos
O bem, que nós semeamos
Se a existência, findamos
Quando a vida se esvai
Na hora que o corpo cai
De toda a nossa ganância
Só o que tem importância
É o abraço do Pai


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)


Tempo III


Eu, José Gentil, Tetê, Maria Júlia e Luiza no Desfile do Agricultor, de Acari, realizado em 08/08/2009.

Luiza Gabriela(frente), Tetê e Maria Júlia (atrás) no Desfile do Agricultor , de Acari, realizado em 08/08/2009.

Luiza Gabriela no Desfile do Agricultor de Acari, ocorrido em 2000.


Luiza Gabriela, no dia da realização do primeiro (ou segundo) Desfile do Agricultor, em 1994. Foto tirada nas proximidades do parque de vaquejada.

Gostaria de enfatizar a grandiosidade do Desfile do Agricultor deste ano. Estiveram presentes no desfile um total de 310 vaqueiros a cavalo, com representações vindas de Currais Novos, São Vicente, Florânia e Carnauba dos Dantas. Com certeza foi o maior desfile já realizado em Acari, proporcionando um belo e organizado espetáculo.

Tempo III

É marcante, a lembrança
Do que ontem era eterno
Tal qual um forte inverno
Que o verão logo alcança
Só nos resta a esperança
Que o coração se eduque
E que o passado caduque
Aceitando o que lhe falta
Quando a saudade se exalta
Rogo que pouco machuque

A existência é um truque
E a todo instante nos prega
Quando a saudade rega
O coração faz batuque
Tanto ao plebeu, quanto ao duque
O tempo lhes é fugaz
Não traz a vida quem jaz
Nem refaz nenhum momento
O tempo é como um vento
Que conduz o barco ao cais

O passado é capaz
De nos guiar no futuro
Deixa o homem maduro
Mas totalmente incapaz
De uma absoluta paz
Quando a melancolia
Com o tempo, irradia
Invadindo o coração
Então o pobre cristão
No pranto se refugia

A saudade que ardia
De uma infância remota
É o espinho que brota
E que nunca alivia
Seguindo na rodovia
Que nossa vida transcorre
Nunca o passado morre
Mas, também, não ressuscita
O tempo que nos irrita
É o mesmo que nos socorre

O presente que escorre
Quando o tempo se avexa
É uma afiada flecha

Que em nossa carne percorre
Quando a consciência ocorre
Quê o que pra trás ficou
Quando o tempo andou
Já se foi, não volta mais
Só sossegará em paz
Quem, da vida, não gozou

Tudo que, no mundo, amou
Nunca será esquecido
Poderá ser reduzido
À cicatriz, que deixou
Dos momentos que passou
O tempo é o solvente
Com efeito adstringente
Sintoma colateral
Fermento posto no sal
De uma saudade latente

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sábado, 22 de agosto de 2009

Procissão de Encerramento - 15 de agosto de 2009











A cobertura fotográfica da Festa de Agosto, especialmente da procissão de encerramento, feita por Ismael Medeiros, no seu blog www.ismaelmedeiros.com , foi simplesmente fantástica. Agradeço a Ismael pelas belas fotos que ele nos presenteou no seu espaço e arrisco postar parte delas aqui, mesmo sem o seu consentimento.

Posso até estar enganado, mas creio que foi a maior procissão, em volume de fieis, de todas as festas de Nossa Sra da Guia já realizadas até hoje, no município de Acari. Realmente foi um espetáculo belo e emocionante, ver esse mar de gente percorrendo as ruas da cidade, no primeiro ano do trajeto ampliado da procissão.

Confesso que não tinha convicção se o novo roteiro seria melhor ou pior que o anterior, mas hoje vejo, com clareza, que valeu a pena a mudança e parabenizo a paróquia pela ousadia. Creio até que uma nova ampliação poderia ser planejada: O roteiro sugerido seria o percurso de toda a rua da Matriz, entrando no contorno da rodoviária e descendo pela Rua Maria Nunes, seguindo o restante do trajeto deste ano.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Acari: Simplesmente Singular



Li hoje (04/08) no blog de Dona Maria José Mamede, uma postagem de dois dias atrás, que achei simplesmente brilhante (ainda não li nada dela que não seja). No seu texto , ela afirma que as cidades são dotadas de alma: são singulares. Mas que Acari, tem uma fisionomia única. Ou seja, as cidades, apesar de únicas, são entidades que podem se assemelhar. Mas, segundo ela, em outras palavras, nenhuma outra cidade tinha, sequer, a fisionomia de Acari.

Não que ela ame Acari mais que qualquer um outro acariense. Longe de mim querer comparar bem-querer, mas poucas pessoas conseguiram expressar o seu apreço pela cidade de uma forma tão generosamente bela.

E eu lendo, viajando e imaginando situações passadas, que agora eu tinha resposta. Eu ainda criança, em Natal, ao debater algo com os novos colegas, era sempre a mesma coisa da minha parte: "- Lá em Acari isso é assim; lá em Acari isso é assado..." Já adolecente, em outros rodas, o rumo da prosa era: "- Lá em Acari isso é assim; lá em Acari isso é assado..." Então, homem feito, já defendendo o meu sustento, o assunto no meio profissional ou social era: "- Lá em Acari isso é assim; lá em Acari isso é assado..." Casado, pai de família, então o papo muda de figura. Minha sustentação oral era: "- Lá em Acari isso é assim, lá em Acari isso é assado..." Mas, graças a Deus, esse disco furado (sou do tempo de LP) eu deixei pra trás, em Natal, quando o trabalho me convidou a mudar de cidade. Hoje em Mossoró, a situação é outra. As novas amizades surgidas na cidade que atualmente moro, costumam dizer: "- Esse homem só fala em Acari".

Com o texto de Dona Maria José, vejo que está tudo explicado. Eu não sofria, nem sofro, de nenhum obsessão pela cidade. É que Acari é encantadora mesmo. (pelo menos pra nós). A cidade é simplesmente singular!!! Certamente as pessoas que são nativas de outros torrões também tem amor semelhante pelas suas origens, só que não costumamos escutar a evocação do apreço deles, com a mesma frequência que o seridoense expressa.

Parabenizo Dona Maria José Mamede por tão inspirado momento, quando da crianção do texto:

Antes, num outro momento, eu escrevera [...]"as cidades têm fisionomia, têm alma como as pessoas. Isto as tornam distintas. São singulares, únicas, não existem aos pares"[...] Estas palavras tiveram ressonância, ecoaram no meu sentimento por ti Acari, neste agosto sui generis, inspiração de poesias, cantos, amores, encontros, emoções...
Acari, quero dizer que tua fisionomia é ímpar. Não existe outra. Registra-se no desenho de tuas ruas, onde o casarão antigo destaca-se entre claras e modernas casas ajardinadas; nas belas praças e nos tapetes de flores multicoloridas das ruas; na austeridade e na imponência de tuas igrejas seculares; na velha e na nova ponte do rio Acauã; no museu e monumentos históricos; em tuas alegres escolas; no espelho de prata das águas do Gargalheiras; na moldura anilada das serras abraçando teu espaço.
Acari, quero falar, ainda, de tua alma. Tua alma é teu povo. É a história de teus habitantes. É "o que fazer" cotidiano dos homens e mulheres impressos nas marcas do tempo, na construção ininterrupta do amanhã. São as crenças, as esperanças, as angústias, as contradições das lutas do homem, na geração do desenvolvimento e da cultura. São as emoções das lembranças impregnadas no tempo, daqueles que ora habitam mansões celestiais.
Portanto, Acari, tua fisionomia e tua alma compõem uma totalidade, onde o amor e o desamor do homem escreveram tua história. Sob esta ótica, cada ACARIENSE foi uma página desse registro, na contribuição explícita, ou não para seu enredo.
Acari, em agosto tua história tem mais emoção, sentimento. É tempo de orar, de agradecer, de amar. É a festa da VIRGEM DA GUIA - momento de reencontro, de mãos acenando, de serestas, de banda de música tocando dobrados, de fogos, de lágrimas...



(Postagem original na integra, vide link http://mariacabocla.blogspot.com/2009/08/carta-aberta-acari.html )

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Festa de Agosto - Programação


De 05 a 15 de agosto, Acari estará em festa. Segue abaixo a programação religiosa e social do evento tão esperado:

Programação Religiosa

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Dia 05/08 – 4ª feira
18:30h – Procissão com o Estandarte da Festa saindo da Igreja do Rosário para a Matriz, onde será hasteado pelo sr. prefeito municipal.
19:00h – Missa da Abertura da Festa
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Dia 06/08 – 5ª feira
06:00h - Missa na Matriz.
19:00h - 1a. Noite do Novenário.
Tema: A Santíssima Virgem é apresentada ao Templo. “Santa Mãe de Deus, Maria sempre Virgem, templo do Senhor, santuário do Espírito, somente tu entre todas foste agradável a Cristo Senhor”.
Pregador: Pe. Ivanoff da Costa Pereira
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Dia 07/08 – 6ª feira
08:00h – Missa dos enfermos e idosos na Igreja Matriz.
19:00h – 2a. Noite do novenário.
Tema: A Anunciação do Senhor. Simeão os abençoou e disse a Maria, Mãe de Jesus: “Ele será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição”.
Pregador: Pe. Francisco Costa.
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Dia 08/08 – Sábado

08:00h – Missa na Igreja Matriz (Festa do Agricultor).
19:00h – 3a. Noite do Novenário.
Tema: A Visitação da Santíssima Virgem Maria. “Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor me venha visitar?”
Pregador: Pe. Staley Dantas.
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Dia 09/08 – Domingo

07:00h – Missa na Igreja Matriz.
09:00h – Batizados na Igreja Matriz19 horas – 4a. Noite do Novenário.
Tema: pregação conforme leituras deste domingo.
Pregador: Pe. Henock Demétrio.
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Dia 10/08 – 2ª feira

06:00h – Missa na Matriz.
19:00h – 5a. Noite do Novenário.
Tema: A divina Maternidade da Santíssima Virgem Maria. “A Santíssima Virgem Maria é verdadeiramente e realmente a Mãe de Deus”.
Pregador: Pe. Fabiano Dantas.
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Dia 11/08 – 3ª feira

06:00h – Missa na Igreja Matriz.
19:00h – 6a. Noite do Novenário.
Tema: As dores da Santíssima Virgem Maria. “Junto à cruz de Jesus estava de pé sua mãe”.
Pregador: Pe. João Paulo.
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Dia 12/08 – 4ª feira

06:00h– Missa na Igreja Matriz.
19:00h – 7a. Noite do Novenário.
Tema: A Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. “Toda bela sois, Maria”
Pregador: Pe. Amaurilo José.
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Dia 13/08 – 5ª feira

06:00h – Missa na Igreja Matriz.
19:00h – 8a. Noite do Novenário.
Tema: As aparições de Nossa Senhora a Santa Bernadette em Lourdes: a celebração do jubileu dos 150 anos do prodigioso amor de Maria por seus filhos. “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Pregador: Pe. Flávio José de Medeiros de Filho.
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Dia 14/08 – 6ª feira
06:00h – Missa na Igreja Matriz.
18:30h – Carreata com a imagem de Nossa Senhora da Guia saindo da Capela de Santa Rita de Cássia para a Igreja Matriz, com a participação de todos os motoristas.
19:00h – 9a. Noite do Novenário.
Tema: Nossa Senhora é a Rainha do sacratíssimo Rosário. “Maria meditava no seu coração os maravilhosos eventos do seu Filho”.
Pregador: Pe. Manoel Pedro Neto.
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DIA 15/08 – SÁBADO (DIA DO ACARIENSE)
SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA.
07:00h – Missa na Igreja Matriz.
10:00h – Missa Solene na Igraja Matris de Nossa Senhor da Guia.
presidida por D. Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz, Bispo Diocesano, e concelebrada pelos sacerdotes presentes.
Tema: A gloriosa Assunção da Bem Aventurada sempre Virgem Maria. “A minh’alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu salvador”.
16:30h – Procissão com a Imagem de Nossa Senhora da Guia pelas principais ruas da cidade, seguindo-se de Missa Campal na Igreja Matriz, palavras de agradecimento, despedidas e arriamento do Estandarte da Festa.
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Programação - Municipal Clube

Dia 08/08 - Noite Maior - Banda Super Ohara (Traje Passeio Completo)
Dia 13/08 - Chicabana e Deixe de Brincadeira
Dia 14/08 - Ferro na Boneca e Brasas do Forró
Dia 15/08 - Dorgival Dantas e Rita de Cássia

Programação - Pavilhão de Nossa Senhora da Guia

Dia 05/08 – Forrozão Chega Nela
Dia 06/08 – Daniel e Banda
Dia 07/08 – Forrozão Aryaxé
Dia 08/08 – UsKaravelho e Jorge de Altinho
Dia 09/08 - Suvaco de Cobra e Paulo Cassiano & Banda Eclipse (Feirinha)
Dia 09/08 – João Pop Show
Dias 10, 11 e 12/08 – Atrações locais e Artistas da Terra
Dia 13/08 – Banda Feras
Dia 14/08 – Santana e Moleca Dengosa
Dia 15/08 – Canindé Moreno e Banda

Programação Cultural e Outras

Dia 07/08 (Sexta-feira)
20:30h - Jantar da Festa - Local: Municipal Clube de Acari

Dia 08/08 (Sábado)
09:30h - Desfile do Agricultor
20:30h - Exposição: O Vaqueiro Noite de Autógrafos - Local: Museu Histórico de Acari

Dia 09/08 (Domingo)
Feira de Artesanato e Comidas Típicas (Feirinha de N.S. da Guia) - Local: Pavilhão da Festa

Dia 10/08 (Segunda-feira)
20:30h - Entrega de Prêmio Incentivo a Leitura e Escrita "Acari cidade das Letras" -Local: Pavilhão da Festa

Dia 11/08 (Terça-feira)
21:00h - Celebração do Centenário da Escola Estadual Tomaz de Araújo - Local: Sede da Escola

Dia 13/08 (Quinta-feira)
20:30h - Exposições Afro-descendentes "Irmãos por toda História" e O Negro na Etnia do Seridó" - Local: Museu Histórico de Acari

domingo, 2 de agosto de 2009

Festa da Padroeira II


Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, em Acari (RN)

Imagem de Nossa Senhora da Guia, dentro da sua Matriz , em Acari (RN)

A festa da padroeira é um momento único de congraçamento, quando o sertanejo reencontra o seu passado, evocando, com orgulho, o amor pelas suas suas origens. Como muito bem define Juvenal Lamartine, trata-se do “ponto alto dos festejos sertanejos”, ocasião em que as famílias se deslocavam das fazendas para zona urbana, onde passava a habitar no decorrer das comemorações. No campo, a maior parte da população vivia, e do campo, a maior parte da população retirava o seu sustento. Porém, era na sede da freguesia que os habitantes se uniam, uma vez por ano, para exaltação da sua religiosidade e para o exercício da socialização.

Atualmente a realidade do Seridó é outra. A zona rural, por não ter condições de suprir as necessidades que o padrão de vida contemporâneo exige, perdeu a sua hegemonia econômica e social e, em muitos casos, acabou sendo quase abandonada. As condições adversas do sertão nordestino, combinadas com a falta de uma política pública apropriada, favoreceram ao êxodo rural que, em princípio, teve nas sedes dos municípios, o seu destino. Como essas pequenas cidades não tiveram, nem têm, condições de absorver toda essa mão-de-obra, a emigração se apresentou, e se apresenta, como uma alternativa de vida sedutora.

Para os grandes centros, parte da população rumou, e continua rumando, e pelo Brasil afora - por que não dizer, mundo afora - se fixou, demonstrando a sua garra e obstinação em vencer. O que era um povo com forte apego às suas origens, logo se transformou em uma nação dispersa por todo o território nacional, que finca uma coluna de resistência aos seus valores, enaltecendo as tradições seridoenses, onde quer que esteja. Constitui-se em uma tarefa fácil localizar ou identificar um seridoense fora do seu habitat, pois o indivíduo faz questão de alardear aos quatro cantos, o extremo orgulho que tem pelo seu passado e pela sua região natal.

Nessa versão sertaneja e permanente da bíblica diáspora, o seridoense constantemente se vê obrigado a deixar a sua “terra prometida”, para buscar o seu sustento ou sucesso profissional em outras paragens. Fugindo das dificuldades e de uma dura realidade, sem nunca perder o amor pela terra onde deu os primeiros passos, inicia uma nova vida distante de casa, mas sempre cultivando e mantendo acesa a chama do desejo de regressar, em definitivo. Talvez a peregrinação anual que caracteriza a festa da padroeira, também sirva para renovar esse amor e esse desejo de retorno. Um retorno lúdico, pois sabe muito bem que os novos laços (sociais, profissionais, afetivos, etc), surgidos na sua jornada de vida, o impedirão de satisfazer o que foi uma jura ou uma promessa que jaz remota, mas que o incomoda profundamente.

Não são poucos os que, mesmo morando distante, orgulham-se de nunca ter perdido uma festa da padroeira de sua cidade. Quase como um pedido de desculpas, por não poder mais retornar definitivamente à terra onde guarda pedaços preciosos da sua vida, o seridoense supera todos os obstáculos para anualmente prestigiar esse tradicional festejo. Talvez a espera do perdão, por uma traição que supostamente praticou, ou da clemência, por um crime que julga ter cometido, anualmente ele vence a distância, deixando para trás suas obrigações cotidianas e os seus compromissos sociais, e se entregando a veneração à padroeira, a veneração à terra que o concebeu, a veneração aos entes queridos que o transformaram em um homem de bem e que são partes indissolúveis do patrimônio histórico e cultural da região do Seridó.