domingo, 16 de junho de 2019

Poesia


Odisseia da palavra
O charme da dicção
No realce das vogais
Fácil comunicação
O brilho da harmonia
Encanto da sedução

Elegância ao exclamar
Provocando interjeição
Exalando simpatia
Derramando emoção
A beleza do carisma
A força da expressão

Empatia, amiga louca
Sentimento de afeição
A rima de um poema
É elo da conjunção
O pulsar do alfabeto
Ritmando o coração

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)


terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Rara Fragrância




Rosada face
Da elegância
A sedução numa rara fragrância

No seu disfarce
Fragilidade
Dissimulando a nocividade

Simplicidade
Foge a razão
O giro alto, determinação

És a cadência
Do coração
A embalar uma linda canção

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sábado, 9 de março de 2013

Seca e desprezo


Ontem (08/03) recebi uma ligação de Acari, do meu morador, dando-me notícia que mais duas vacas tinham morrido. Passando detalhes da situação, ele me dizia que o que ainda restava da vacaria, tá se levantando com dificuldade. Não tendo mais o que fazer, pois já fui além das minhas possibilidades com relação aos gastos para escapar o rebanho, ofereci a ele (o morador), a semente de gado que ainda resta, por um preço que não tinha condições de fazer mais barato: dado. Dei o gado pra ele tentar escapar, já que preferia ver o rebanho em boas mãos, que vender por preço vil. Mas ele não quis. É triste! Mesmo a troco de nada, o ônus ainda era alto. Não se via em condições de enfrentar a tarefa.

Graças a Deus sou um privilegiado, pois apesar de gostar muito do campo, não dependo dele pra viver. Mas fico imaginando a situação dos que não tem outro meio de vida. Refiro-me principalmente aos que não são pronafianos, pois esses contam com a tutela do estado. Falo dos que não têm outro ofício e vivem exclusivamente do campo. Para esses, a situação é de quase mendicância. Ver tudo que conquistou em uma vida de trabalho, ser consumido pelo chão tão amado, é desesperador!

Não lembro de uma seca tão severa, onde tenha havido tamanho desprezo dos entes públicos pelo homem do campo. Parece que há um compromisso tácito de silêncio. Ninguém sequer se pronuncia. Além da inexistência de atitude, há um amplo e abrangente acordo de todas as correntes políticas, integrando situação, oposição, direita, esquerda, centrão, ditadores, democratas, comunistas, liberais... enfim, todos. O PT se coligou com o PSDB nessa empreitada. A classe política toda, mais os órgãos públicos de todas as esferas, unidos em torno do desprezo ao sertão nordestino. Pra completar, a imprensa que faz uma cobertura magnífica da vida de meia dúzia de imbecis trancados dentro duma casa - para milhares de antas que apreciam a programação - vira as costas para a cobertura jornalística da calamidade. 

Que Deus seja generoso no socorro ou piedoso na sentença, pois ao lado do sertanejo, Ele é o único.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Súdito da Luz


Mesmo estando na cama
Aconchego que seduz
Acompanho reverente
Ao regente sol que aduz
Uma intensa magia
Ao alvorecer do dia
Para os súditos da luz

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)



sábado, 7 de janeiro de 2012

Poesia X Facebook

Foto: Véscio Barreto


Li e liberei, agora há pouco, um comentário de um amigo de Mossoró na postagem anterior, dizendo, em tom de brincadeira, que tinha trocado o "Seridó Pintado com Palavras", pelo "Facebook":


Caro amigo Pedro Augusto, quanto tempo!! Andou sumido, né???
Achei que você não ia voltar tão cedo e já tinha até tirado o blog dos meus "Favoritos", e colocado o "Facebook."
Valeu... gostei demais!!


Segue a resposta do blog, para o amigo Claudino:


Perder para o facebook 
Foi um baque lá do céu    
De uma hora para outro       
Provar de um amargo fel    
É melhor ficar na glória     
Da sucata da memória
Que esse destino cruel     


Quando um blog de poesia     
Dessa forma, é desprezado    
É porque chegou a hora       
De ser morto e sepultado    
No martírio do abandono     
Parecendo um cão sem dono  
É melhor ser apagado


Facebook é uma rede
Que cativa a amizade
Aproxima as pessoas
Amenizando a saudade
Mas não tem a serventia
Que tem a boa poesia
Chama de serenidade


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Impulso Bruto

As rotações
Em um minuto
Fazem do forte, um ser diminuto

A resistência
Do racional
Diante de um instinto animal

A explosão
Impulso bruto
A face do poder absoluto

Ponto final
Inconsequência
Submissão total à negligência

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Estrada Longa


















A ansiedade
Da incerteza
Garra afiada do peito da presa

Atrocidade
Da aflição
Em chama ardente, o frio coração

Estrada longa
Impaciência
Entorpecendo a firme consciência

A escravidão
Da liberdade
Encarcerada na própria vontade

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Valsa da Vida



Foto: Ronnie Motenegro

A flauta doce de Deus
Regendo a valsa da vida
Tira num sopro divino
Uma melodia ungida
Que propaga a mansidão
Elevando o coração
A uma dimensão luzida

Seguindo os passos do Filho
Praticando a caridade
Sem alimentar orgulho
Exercitando a humildade
O mais fraco fica forte
A vida supera a morte
Na mansão da eternidade

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Fortaleza


Foto: Alex Uchôa (Fortaleza dos Reis Magos no crepúsculo)

Firme rigor
Convicção
Barreira posta, sem aceitação

Sisuda face
Da fortaleza
Ineficaz em roubar-lhe a beleza

Balanço manso
Ondas do mar
Curvas que fazem o algoz se curvar

Antipatia
Sublime manto
Redoma que não lhe priva o encanto

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Cavalgada


Cavalgando pelas serras
Viajo no pensamento
Relembro cada momento
Que o meu peito desenterra
Tem memória que emperra
Dando um nó na goela
Quando o passado revela
Coisas que não voltam mais
Nem retornarão jamais
Entes que a saudade vela

Vou me ajeitando na sela
E tocando a cavalgada
Em ano de invernada
A perfeição se revela
Cada planta dá uma tela
Na mente de um artista
Ou a capa da revista
Que valora a natureza
É um furo de beleza
Aos olhos do jornalista

Um bêbado equilibrista
Topando de frente a grota
Sentindo o medo que brota
Quando o risco está à vista
Uma canção que o flautista
Nunca conseguiu tocar
A cantiga de ninar
Que a materna voz entoa
A natureza ressoa
No canto do sabiá

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

sábado, 3 de julho de 2010

Chocalho


Foto: Alex Gurgel

Capelinha de metal
Com solitário badalo
Pendulando no embalo
De um galope triunfal
O pescoço do animal
Rege o som que se propaga
Quando a esquiva rês divaga
Desfilando no cercado
Espalha um rastro timbrado
Que no sossego se apaga

Uma batida aziaga
Pro esconderijo perfeito
A furtiva ação, sem jeito
Leva ao fracasso da saga
Estando a soar, estraga
A mandinga e o feitiço
Desencantando o sumiço
Da maromba mais astuta
O chocalho executa
Imprescindível serviço

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

Ao compor o poema "Chocalho", eu procurava no google uma imagem para ilustrar a composição e eis que me deparei com um texto de autoria de Dr. Paulo Balá, publicado na coluna de Woden Madruga, no dia 03/08/08, do jornal Tribuna do Norte. Então resolvi replicar aqui o link desse interessante artigo, do nobre escritor e historiador seridoense:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Silêncio



O silêncio é a mais marcante forma de expressão. É o perfeito modo de comunicação: um olhar, um gesto, a atitude ou simplesmente uma fisionomia, às vezes exprimem sentimentos que palavra nenhuma do nosso vocábulo é capaz de definir plenamente. O calar lidera, reprime, acalma, orienta, aconselha, exemplariza. É como se as palavras se apresentassem na sua essência mais pura, completamente despidas de adereços. Não é necessário ouvir nem ler. É necessário perceber e sentir os efeitos em cascata de uma “fissão atômica” do vocabulário.

Verbo calado
Palavra muda
Sábio silêncio, mensagem veluda

Fissão do som
Fala desnuda
Pálida face da verdade aguda

Razão sisuda
Exclamação
Brado no gesto, olhar da comoção

Pleno recado
Compreensão
Da estridente voz do coração

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

domingo, 13 de junho de 2010

A Ponte


Ponte Newton Navarro (Foto: Ivanízio Ramos)


Foz do Rio Potengi fotografada de cima da Ponte Newton Navarro

Rio Potengi e Praia da Redinha (foto tirada da Ponte Newton Navarro)


Natal às margens do Rio Potengi (foto tirada da Ponte Newton Navarro)

Concreto que liga sonhos
Abreviando a estrada
Transpõe difíceis barreiras
Com estrutura prostrada
Debruçando-se no rio
Espichada no vazio
Inerte grandeza armada

Em uma nobre empreitada
De relevância inconteste
Bem mais que um simples adorno
A ponte imponente investe
Fazendo a conexão
Liga o árido sertão
Ao umedecido agreste

Antagonismo terrestre
Transita pelo seu vão
Por baixo a água da chuva
Em ano de redenção
Por cima uma caravana
Temendo a seca tirana
Abandona o seu torrão

Na partida, o coração
É lançado em estilhaços
No momento do regresso
Por ela se estendem braços
Que acolhem sem receio
Um abraço sem refreio
Reatando fortes laços

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Garganta da Morte



Foto baixada do Orkut de Chaguinha de Gabriel: uma belíssima e assustadora imagem de Gargalheira.

Como quem dar um belisco
No seu próprio fenecer
Num estranho entorpecer
O homem se entrega ao risco
Parece que há um confisco
Da sua razão febril
Um encantamento vil
Na ilusão de vencer
O fascínio do poder
Compõem enredo sombrio

Uma vida por um fio
Bem na garganta da morte
Na corda bamba da sorte
Brincando com fogo hostil
A coragem infantil
Tem na inocência, abrigo
Ignorando o perigo
Numa sedução final
Delira que é imortal
Forjando o próprio jazigo


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

domingo, 6 de junho de 2010

Paz do Mar


Foto do Chapadão da Praia de Pipa, no litoral sul potiguar. A falta de habilidade do fotógrafo dificulta o enquadramento da beleza do lugar. Mas é um cenário realmente deslumbrnte.

Em um salto do penhasco
Belo firmamento instiga
Na queda livre de tudo
Uma paisagem litiga
Sucumbindo o sol poente
Rege a faxina da mente
Aniquilando a fadiga

Uma doce brisa abriga
A paz que emana do mar
E navega na beleza
De uma noite de luar
A onda no seu balanço
Inebriando o descanso
Como um materno ninar

O botão de desligar
A agitação do mundo
É o mesmo que aciona
O encantamento fecundo
Quando o cenário seduz
A retina nos conduz
Rumo a um êxtase profundo


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Seca



Solo rachado
Pura aflição
Vento murmura na escuridão

O céu em brasas
Extrema unção
Só movimentos de folhas no chão

Estio pagão
Escolhe a cor
Pintando em cinza a tela da dor

Insuportável
Forte calor
Sertão sedento, tempo assustador

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Paixão


Estádio Maria Lamas Farache (Frasqueirão), domingo passado (28/03), quando da bela vitória do ABC sobre o América, por 1 x 0

Um sentimento
Dominador
Ardente chama forjando ilusão

Afrontamento
Provocador
Subjugando, sob coação

Penumbra intensa
Venda fatal
Cega a razão, escravizando o ser

Denso poder
Irracional
Um oceano de satisfação

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)


domingo, 21 de março de 2010

Notícias de Chuvas




Fotos enviadas por Sérgio Enilton, da chuva de hoje (21/o3), em Acari (RN)

Acabei de abrir meu correio eletrônico e lá estava o email que reproduzo abaixo, do amigo Sérgio Enilton, repassando notícias de chuvas no sertão de Acari. É o tipo de informação que adoro receber e repassar. O tempo não andava nada bom e as chuvas injetam um pouco de ânimo no sertanejo sofrido.

Boas notícias. Ontem, sábado, timidamente choveu nas terra da ribeira do Acauã. Estava na Fazenda Manoel Antônio e tive o privilégio de ver a terra molhada, as ovelhas pulando, a passarada numa festa só. E hoje, depois do trovão que deu aquele rasgo feroz, com muita vontade, arrebentando as "oiças" e respondendo nas encostas, por volta das 14:27h, começou a chover. Um cheiro de chuva benéfico. Para, um pouco; começa de novo. Aquele vai e vem.

As goteiras estão sendo limpas, as ruas com correnteza... Os meus filhos já estão todos tomando banho, junto com a criançada da rua que moro.

Chuvas de março: que Deus permita a sua constância nos meses de abril e maio.

sábado, 20 de março de 2010

Atitude




Em cada esquina da vida
Existe uma encruzilhada
Diante de uma cilada
A reação é devida
É decisão suicida
Uma decisão não ter
Desistir de combater
Faz do homem, derrotado
Pior que fazer errado
É errar por não fazer

Hesitação excessiva
Ou simples indecisão
Temor da reprovação
Gera conduta evasiva
Uma postura passiva
É um modo de viver
Em um triste padecer
Morto sem ser sepultado
Pior que fazer errado
É errar por não fazer

Seguindo seu próprio norte
Vivendo com atitude
Não há nada que não mude
Nem garantia de sorte
Só há certeza da morte
Rico, pobre, quem nascer
Em pó vai se desfazer
Esse é um fim já selado
Pior que fazer errado
É errar por não fazer

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

domingo, 14 de março de 2010

Dia Nacional da Poesia


Foto baixada da internet, de autoria de Sérgio Dantas


Toque Divino


Acomodadas em versos
Dispostas com maestria
As palavras logo pulsam
Num compasso de harmonia
Jorrando do coração
Seiva viva da emoção
Que constitui a poesia

O encanto que irradia
De um verso camoniano
É um sopro de magia
Tão sublime e soberano
Sinal claro e cristalino
Pequeno toque divino
Na condição de humano

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)