Bico da Arara visto da janela da casa, ponto de partida e de chegada
Chegada: eu e o mestre Carlilhos
Andorinhas saindo da gruta
Andorinhas próximas à gruta
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Céu de andorinhas (pontinhos pretos desfocados)
Rio do Ingá e a casa de onde partimos e onde chegaremos
O mundo aos meu pés
Visão de dentro do Bico
Dentro do Bico. Somos um nada diante da grandeza e beleza do universo
Acesso ao Bico
Serra da Rajada, despontado em frente ao Bico
Lageiro ao lado do Bico. Meu Deus...
Vista lateral
Lajeiro ao lado do Bico
Vista de trás, um pouco à esquerda do Bico
Matando a sede com um cipó de mucunã
Pé de cambucá entre as pedras: nenhum fruto
Riacho subterrâneo
Rapadura é doce, mas né mole não
Saimos da gruta em direção ao cambucá. O rio serpenteia já distante
Portinhola de coleta do esterco, na gruta das andorinhas
O Bico se aproxima. Nos desviamos à direita, com destino à gruta
Início da subida. O Rio do Ingá vai se distanciando
Saída do Sítio Ingá, rumo ao Bico da AraraSábado à tarde (02/05), retornávamos eu, Zé Gentil (meu irmão) e Carlinhos de Damião da Caern, de uma vacina de gado no Sítio Cajueiro, seguindo pela estrada do Bico da Arara rumo a Acari. Ao passarmos em frente à serra que dá nome a estrada, Carlinhos sugere: - A gente podia combinar uma subida ao Bico, qualquer dia desses. Zé Gentil concorda: - Era bom não demorar, para não deixar a coisa esfriar. Então, já que deixaram a bola quicando, eu sentencio: - Vamos amanhã.
Dito e feito. Conforme combinado, quatro da matina, estou eu no café do mercado. Ligo para Zé Gentil, que já estava com uma desculpa na ponta da língua, para não ter que sair da cama, depois de um dia enfadonho. Primeira baixa. Então penso: - Será que o outro também vai desistir? Quando me preparava pra ligar, ao sair do mercado, dou de cara com o sujeito: - Viagem de pé? Pergunto eu. - E eu lá sou homem de quebrar trato. Responde o Mestre Carlinhos, de bate pronto. Entramos no carro e seguimos viagem.
Cinco e meia da manhã, estávamos nós no Sítio Ingá, em frente à casa de João Maria, morador do lugar, que se comprometeu conosco, na tarde anterior, em nos encaminhar até a vereda que conduziria a gente ao topo da serra.
O roteiro seria: 1) gruta que serve de retiro para as andorinhas, na sua rota migratória pelo Atlântico; 2) colher um fruto originário da Mata Atlântica que, na nossa região, só se tem conhecimento da sua existência na Serra do Abreu e na Serra do Bico da Arara, chamado Cambucá; 3) a última parada é o topo do Everest, Bico da Arara.
Após atravessarmos o Rio do Ingá, João Maria nos larga na vereda e seguimos serra acima, sem nenhuma pressa e com o único compromisso de admirar o que é belo. A todo instante parávamos para registrar os diversos cartões postais que iam se descerrando em todas as direções. Pegamos um desvio da vereda à direita, seguindo para a gruta que se localizava no meio da serra.
Primeira parada: chegamos em um horário que ouvíamos o diálogo das andorinhas, mas elas estavam enfurnadas e não era possível vê-las. Então demoramos pouco. Apenas batendo algumas fotos para depois seguimos para o lado esquerdo da serra, rumo ao cambucá.
Antes da segunda parada, descemos num sovaco de serra à esquerda, passando por sobre um riacho subterrâneo, onde escutávamos o chiado da água que descia serra abaixo, escondida por baixo das pedras que serviam de escudo. O líquido raro, que alimenta a vida do meu árido Seridó, murmurava: alimentava a nossa alma.
Segunda parada: decepção. Os pés de cambucás não estavam carregados. Nenhum fruto, nem sequer sementes encontramos. - Tem nada não. Será motivo para um retorno em breve, se Deus nos permitir.
Partimos para o Bico. No meio do caminho a sede aperta e é o jeito nos virarmos com a água preciosa de cipós de mucunã, antes de seguirmos rumo ao destino final. A pedra quase mítica se aproxima. Confesso que a cada passo que nos leva a ela, vou sendo tomando por uma inesperada ansiedade.
Ao chegarmos ao lajeiro vizinho, que é um pouco mais alto que o Bico, é só deslumbre: indescritível beleza. Bonito demais! A serra nos recebe com uma brisa mansa e fria, tocando nossas faces, com a sutileza de um carinho materno: um afago nos nossos corpos exaustos. Só o frescor do clima serrano já teria valido a pena todo o esforço desprendido na subida.
Aportamos no destino final: objetivo alcançado. Não há o que dizer. A única coisa a fazer é nos entregamos à contemplação da grandeza do infinito: O Grande Arquiteto do universo é O Cara.
Na volta, o cansaço começa a bater forte, mas ao vermos a revoada de andorinhas, resolvemos voltar ao local da nossa primeira parada, na subida. Infelizmente o fotógrafo não tem capacidade de um registro mais qualificado da saída da gruta. Mas é uma cena belíssima! As andorinhas parecem flechas disparadas da gruta, rumo ao céu. Projéteis alados são arremessados em uma velocidade impressionante, que só um equipamento fotográfico profissional seria capaz de paralizar aquele momento, em uma fotografia que retratasse a beleza da rajada de pássaros.
Após retornarmos ao nosso ponto de partida, um cafezinho flertando o Bico pela janela, com a sensação de objetivo atingido e apalavrando o retorno aos cambucás, para cumprirmos o único ponto da nossa missão que ficou adiada para breve.