segunda-feira, 11 de maio de 2009

Bico da Arara


Bico da Arara visto da janela da casa, ponto de partida e de chegada


Chegada: eu e o mestre Carlilhos


Andorinhas saindo da gruta


Andorinhas próximas à gruta

.
Céu de andorinhas (pontinhos pretos desfocados)


Rio do Ingá e a casa de onde partimos e onde chegaremos


O mundo aos meu pés


Visão de dentro do Bico


Dentro do Bico. Somos um nada diante da grandeza e beleza do universo


Acesso ao Bico


Serra da Rajada, despontado em frente ao Bico


Lageiro ao lado do Bico. Meu Deus...


Vista lateral


Lajeiro ao lado do Bico


Vista de trás, um pouco à esquerda do Bico


Matando a sede com um cipó de mucunã


Pé de cambucá entre as pedras: nenhum fruto


Riacho subterrâneo


Rapadura é doce, mas né mole não


Saimos da gruta em direção ao cambucá. O rio serpenteia já distante


Portinhola de coleta do esterco, na gruta das andorinhas


O Bico se aproxima. Nos desviamos à direita, com destino à gruta


Início da subida. O Rio do Ingá vai se distanciando


Saída do Sítio Ingá, rumo ao Bico da Arara

Sábado à tarde (02/05), retornávamos eu, Zé Gentil (meu irmão) e Carlinhos de Damião da Caern, de uma vacina de gado no Sítio Cajueiro, seguindo pela estrada do Bico da Arara rumo a Acari. Ao passarmos em frente à serra que dá nome a estrada, Carlinhos sugere: - A gente podia combinar uma subida ao Bico, qualquer dia desses. Zé Gentil concorda: - Era bom não demorar, para não deixar a coisa esfriar. Então, já que deixaram a bola quicando, eu sentencio: - Vamos amanhã.

Dito e feito. Conforme combinado, quatro da matina, estou eu no café do mercado. Ligo para Zé Gentil, que já estava com uma desculpa na ponta da língua, para não ter que sair da cama, depois de um dia enfadonho. Primeira baixa. Então penso: - Será que o outro também vai desistir? Quando me preparava pra ligar, ao sair do mercado, dou de cara com o sujeito: - Viagem de pé? Pergunto eu. - E eu lá sou homem de quebrar trato. Responde o Mestre Carlinhos, de bate pronto. Entramos no carro e seguimos viagem.

Cinco e meia da manhã, estávamos nós no Sítio Ingá, em frente à casa de João Maria, morador do lugar, que se comprometeu conosco, na tarde anterior, em nos encaminhar até a vereda que conduziria a gente ao topo da serra.

O roteiro seria: 1) gruta que serve de retiro para as andorinhas, na sua rota migratória pelo Atlântico; 2) colher um fruto originário da Mata Atlântica que, na nossa região, só se tem conhecimento da sua existência na Serra do Abreu e na Serra do Bico da Arara, chamado Cambucá; 3) a última parada é o topo do Everest, Bico da Arara.

Após atravessarmos o Rio do Ingá, João Maria nos larga na vereda e seguimos serra acima, sem nenhuma pressa e com o único compromisso de admirar o que é belo. A todo instante parávamos para registrar os diversos cartões postais que iam se descerrando em todas as direções. Pegamos um desvio da vereda à direita, seguindo para a gruta que se localizava no meio da serra.

Primeira parada: chegamos em um horário que ouvíamos o diálogo das andorinhas, mas elas estavam enfurnadas e não era possível vê-las. Então demoramos pouco. Apenas batendo algumas fotos para depois seguimos para o lado esquerdo da serra, rumo ao cambucá.

Antes da segunda parada, descemos num sovaco de serra à esquerda, passando por sobre um riacho subterrâneo, onde escutávamos o chiado da água que descia serra abaixo, escondida por baixo das pedras que serviam de escudo. O líquido raro, que alimenta a vida do meu árido Seridó, murmurava: alimentava a nossa alma.

Segunda parada: decepção. Os pés de cambucás não estavam carregados. Nenhum fruto, nem sequer sementes encontramos. - Tem nada não. Será motivo para um retorno em breve, se Deus nos permitir.

Partimos para o Bico. No meio do caminho a sede aperta e é o jeito nos virarmos com a água preciosa de cipós de mucunã, antes de seguirmos rumo ao destino final. A pedra quase mítica se aproxima. Confesso que a cada passo que nos leva a ela, vou sendo tomando por uma inesperada ansiedade.

Ao chegarmos ao lajeiro vizinho, que é um pouco mais alto que o Bico, é só deslumbre: indescritível beleza. Bonito demais! A serra nos recebe com uma brisa mansa e fria, tocando nossas faces, com a sutileza de um carinho materno: um afago nos nossos corpos exaustos. Só o frescor do clima serrano já teria valido a pena todo o esforço desprendido na subida.

Aportamos no destino final: objetivo alcançado. Não há o que dizer. A única coisa a fazer é nos entregamos à contemplação da grandeza do infinito: O Grande Arquiteto do universo é O Cara.

Na volta, o cansaço começa a bater forte, mas ao vermos a revoada de andorinhas, resolvemos voltar ao local da nossa primeira parada, na subida. Infelizmente o fotógrafo não tem capacidade de um registro mais qualificado da saída da gruta. Mas é uma cena belíssima! As andorinhas parecem flechas disparadas da gruta, rumo ao céu. Projéteis alados são arremessados em uma velocidade impressionante, que só um equipamento fotográfico profissional seria capaz de paralizar aquele momento, em uma fotografia que retratasse a beleza da rajada de pássaros.

Após retornarmos ao nosso ponto de partida, um cafezinho flertando o Bico pela janela, com a sensação de objetivo atingido e apalavrando o retorno aos cambucás, para cumprirmos o único ponto da nossa missão que ficou adiada para breve.

9 comentários:

  1. Pedro, que maravilha!!! Assim, vou conhecendo um pouco dessa região tão esplendorosa, que embora, dela, minhas "raízes" sejam oriundas, não tive oportunidade ainda, em conhecer pessoalmente.Ah, não sabia de seu imenso espírito aventureiro, além de ser um excelente escritor. Tudo maravilha - texto, imagens e pessoas (que admiram e cultivam a natureza) Duplo parabéns!
    Abraços,
    Célia Medeiros

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  2. Parabéns por proporcionar aos leitores deste espaço conhecer as maravilhas do nosso ACARI e região.

    Parabéns pelo blog, SHOWWWWWWW...

    ABEL DE JUAREZ
    abeljbezerra@bol.com.br

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  3. Que viagem bela você proporciona!!!
    Através de seu blog estou conhecendo as belezas naturais que Acarí possui, onde até então desconhecia a existência. Tanto Gargalheira como o Bico da Arara são fascinantes.
    Admiro a valorização que você demonstra tanto por Acarí como pelas obras da natureza, e admiro também a forma como você as insere em suas poesias!
    Parabéns!!!

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  4. Ai meu Deus.... quase que a agência Santa Luzia fica sem gerente nessa viagem.
    Cada vez que vejo essas fotos deslumbrantes que você coloca no blog, fico mais encantada com a beleza da região; na minha opnião a poesia que melhor representa tal beleza, é aquela "OBRA DIVINA", e que pra mim foi uma das melhores, que em parte diz:
    "É assim, esse lugar
    De beleza sem igual"

    Kallyana

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  5. Rapaz, covardia da p...nao terem me chamado.

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  6. Célia,

    Você sempre generosa em seus comentários. Agradeço demais suas palavras.

    Abel,

    Acho que é uma obrigação que todo seridoense deve ter, de defender e apresentar as pessoas uma região tão maravilhosa quanto a nossa.

    Aline,

    São palavras como as suas que me estimulam a apresentar as pessoas, a minha região: despertar o respeito e a curiosidade por uma região tão sofrida, quanto o meu árido Seridó. Espero que você o conheça em breve.

    Kallyana,

    Vaso ruim não quebra fácil, não.

    Cristo,

    Acredite. Tive uma vontade danada de lhe chamar, mas sem combinar nada não seria legal. Acordar o sujeito de 4:00h sem autorização, é demais. Mas já que estou com a autorização assinada em branco, da próxima vez lhe arranco da baladeira.

    Grande abraço em todos!!!

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  7. Ielton Carvalho Dantas17 de maio de 2009 às 10:54

    Eita Seridó bonito...Parabéns pela aventura e fotos. Abraço Ielton

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  8. Meu novo Amigo, "bico-da-arara-visto-da-porta-da-casa", me induziu a várias hipóteses: que casa? qual janela? que tem esse bico dessa arara? é, eu lá ia saber q na sua terra tem uma montanha
    chamada de "Bico da Arara"? Adorei as fotos. Me transportei, bebi a água do cipó, fiquei com vontade da fruta não achada. Vivenciei. Obrigada.
    Abraço paulista! Divenei Boseli-São Paulo-SP

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  9. amei tudo o que vi pois foi no bico da arara que meu pai nasceu e viveu até seus 18 anos e eu também tive oportunidade de ir muito pra lá para a casa dos meus avós, por incrível que pareça meu pai está de férias lá em casa de seus parentes.
    nossa sem querer fiz uma viagem até acari vendo essa sua aventura. fala serio é uma cidade linda não é meu acari!!!! abraços.

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