terça-feira, 19 de maio de 2009

O Papudinho







Papudinho é um sujeito
Que vive para a cachaça
Sua sede nunca passa
Esse é o seu defeito
Bebe por ser liquefeito
Sólido, comê-lo-ia
Sua sede irradia
Só não entorna dormindo
Se não estava ingerindo
É porque de febre ardia

Não existe simpatia
Nem conheço reza forte
Não há nada que conforte
Só uma cerveja fria
Se tem outra companhia
Estando em consciência
Nada tem eficiência
Pra curar a sede eterna
Só enchendo uma cisterna
E afogando a dependência

Se tá na abstinência
Quando a ressaca tá feia
Com pouco álcool na veia
Começa a turbulência
Situação de carência
Tremendo mais que toyota
Pede logo uma meiota
E toma quase dum gole
Bebendo de ficar mole
No meio fio, capota

Sua quartinha não lota
Parece esgoto geral
Chupa um imbu com sal
E logo uma ideia brota
Se encharcado, arrota
Ficando pronto pra guerra
No boteco se emperra
Com o copo não enrola
Saindo de padiola
Na hora que a farra encerra

Não tem muro, não tem serra
Pra impedir o rapaz
Na sua sede voraz
O caminho nunca erra
Parece que a cana berra
E logo o pingunça escuta
Com certeza absoluta
Advinha farra a légua
Esse filho de uma égua
Tem premonição astuta

Capaz de tomar cicuta
E nem sequer ficar tonto
Bebe até ficar pronto
Tudo que seu vício incuta
Essa é sua conduta
Um gole não satisfaz
Só a cana lhe dá paz
Emborca de copo cheio
O alcool é um devaneio
Que em sua mente jaz

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)



5 comentários:

  1. Puxa vida,
    preciso voltar mais vezes aqui:
    textos e fotos que nos encantam
    (embora o "tom esverdeado" das fotos possa eventualmente minimizar a sua beleza).

    Um abraço.

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  2. Valeu, Moacy!!! Sinta-se em casa.
    Com relação à qualidade das fotos, peço desculpas aos leitores. É que, mesmo que a câmera prestasse, o fotógrafo não ajudaria muito.

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  3. Boa a do papudinho, rs..rs..rs e também a foto do grande Rui, abraço Ielton

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  4. Pedro, que delícia de cordel(rsrs). Muito bom mesmo! Adorei! Abraços.

    Célia Medeiros
    Mossoró-RN

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  5. Rui saiu daqui agorinha, doidin da cabeça só porque eu disse que ele era o menininho que estava olhando para a câmera.

    - Nã! -gritou ele - eu sou aquele que está entornando o restinho.

    E saiu acelerando a moto e gritando "leva pra tu".

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