domingo, 22 de março de 2009

Aborto



Totalmente indefeso
No ventre da inimiga
O corpo que o abriga
Por ele só tem desprezo
Deveria estar ileso
No seu desenvolvimento
Recebendo o provimento
Dentro de uma fortaleza
Com infinita nobreza
E total desprendimento

Tendo outras opções
Pra evitar gravidez
Se pratica a insensatez
Na maior das agressões
Um covil de leões
É o corpo infanticida
Que põe fim a uma vida
Em vez de a defender
Soube muito bem fazer
Arranje outra saída

Sem a proteção materna
Não lhe resta alternativa
Solução definitiva
Dentro da visão moderna
Um crime que não consterna
Quem devia só cuidar
Se dispõe a praticar
O aborto ilegal
Exacerbação do mal
E covardia sem par

Não há justificativas
Para uma barbárie dessas
Atitude que confessa
Nossa força destrutiva
Em uma ação furtiva
Que o feto predestina
A ligação vitalina
Pois o ser que é vitimado
Além de estar desarmado
Não vive sem a assassina


(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

PS: Gostaria de enfatizar que sou absolutamente a favor do aborto legal. Nos casos previstos em lei, quando a vida da mãe está em risco, a prioridade deve ser preservar a vida da mãe. Não defendo, nem sou favorável a posição do bispo pernambucano que excomungou os responsáveis pelo aborto na menina de 9 anos, mas tenho receio que aquela infeliz declaração do religioso possa ser usada a favor da banalização da prática. A igreja está correta em tentar preservar a vida, mas o bispo, na minha humilde visão, totalmente errado em opinar sobre a inexistência de risco de vida naquela gestação. Assim como Lula não está gabaritado para opinar sobre religião, ele também não tem embasamento para opinar sobre medicina.

3 comentários:

  1. Valeu Pedro! Você enriquece, ainda mais, seu blog com poesias sobre assuntos atuais e polêmicos como é a questão do aborto. Também sou a favor da legalização do aborto, não só no caso da vida da mãe está em risco, mas também quando a gravidez é oriunda de estupro, permanecendo ilegal para os demais casos.

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  2. Beleza, Aline! Minha posição é exatamente igual a sua.Fora esses casos, só naqueles onde comprovadamente o feto não terá sobrevida fora do útero, como bebês acéfalos. Com relação ao estupro, acho que a medicação já deveria ser administrada no dia seguinte à ocorrência.

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  3. Meu caro,
    O seu texto-comentário sobre o gesto irresponsável do arcebispo de Olinda pareceu-me pertinente.

    Um abraço.

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