sexta-feira, 13 de março de 2009

Obra Divina


Deus terminava o mundo
Findando o material
A água tava acabando
O barro já no final
Das ferramentas, restou
Só a pá celestial

Foi então que um serafim
Que era servente fiel
Disse: - valei-me, Senhor
- Não deu para ver do céu
Que ficou uma região
Sem retocar de pincel


- Se acalme, Gabriel
Disse, O todo poderoso
- Eu vou dar um jeito nisso
Mesmo sendo oneroso
Para tudo, há remédio
Curarei até leproso

- Esse solo arenoso
Vou retirar com a pá
Esculpirei cordilheiras
Para a água escoar
E o pouco que chover
Vai ser possível juntar


- Não vai dar para pintar
Pois a tinta tá escassa
Mas eu vou dissolver ela
Dentro da minha cabaça
Mesmo sendo a água pouca
Formarei chuvas esparsas


- Esse líquido disfarça
Uma força que é bela
Com a tinta misturada
O seu poder se revela
No solo que ela bater
O colorido pincela

- Mas a linda aquarela
Logo perderá a cor
Os vegetais encobertos
Por um cinza assustador
Toda a vida se esconde
Debaixo dum cobertor


O mistério de valor
Que Deus Pai, quer nos passar
É que a vida se renova
E temos que aceitar
Mas mesmo sendo mortais
Podemos ressuscitar

É assim, esse lugar
De beleza sem igual
Uma hora é abundante
Outra hora é brutal
Parece ser desastroso
Mas no fundo é normal

-Para ficar ideal
Faltam duas coisas, só:
Batizarei com o nome
Região do Seridó
E colocarei um povo
Capaz de em pingo dar nó

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

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