sexta-feira, 13 de março de 2009

Sangria



A seca sangra meu peito
Se chove, ele transborda
O gado magro engorda
O sertão fica perfeito
Se tá com água no leito
Antes de chegar ao mar
Faz o açude sangrar
Transbordando de emoção
Este pobre coração
Que sangrava sem parar

Se o inverno é intenso
Deixa o homem temeroso
No ano muito chuvoso
O sujeito fica tenso
Porque pode tá propenso
Ao transbordo do talude
Destruindo o açude
Que guarda da invernada
Uma riqueza sagrada:
A água que nos escude

Se o peito está sangrando
Prevalece o penar
Um coração a sangrar
Vai continuar penando
Mas com ele transbordando
Repleto de alegria
Felicidade irradia
E assim vai se mantendo
Sangra por estar sofrendo
Transborda de euforia

(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)

2 comentários:

  1. Pedro

    Escolhi essa poesia para comentar, pq ela retrata
    de certa maneira o cotidiano do sertanejo.
    Que passa nove meses esperando pela chuva e quando ela vem pesada demais, o coração fica pesaroso com medo que sua reserva de água seja levada.Pois os açudes e as barragens para nossa terra representa verdadeiros oasis feito pela mão do homem. Fugindo um pouco do assunto vc já comeu batata doce assada interrada na areia do riacho? E melância quebrada na pedra?.... Um abraço fraternal de alguém tão próximo e ao mesmo tempo tão longe. Digo isso pq laços de sangue queiramos ou não nos unem meu sobrinho.
    Assis Alves.

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  2. Comi, sim, Assis. Tanto a batata assada, quanto a melancia quebrada na pedra, têm sabor inigualáveis. Antecedendo os laços sanguíneos, temos a Graça Divina de sermos filhos de Deus e somos enxergados por Ele com igual importância e apreço.
    Grande abraço!

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