Um aboio combina com um chocalho
Guarda-peito, com perneira e gibão
O cangaço, com seu rei, Lampião
A manhã, com uma gota de orvalho
A vereda combina com o atalho
A miunça, com cerca de ramada
A caatinga, com a mata fechada
Cantador, com a rima e a viola
O sertão não combina com esmolaNem açude, com a lama rachadaA imagem desse nosso torrão
É da seca cruel, que nunca passa
A miséria, a fome e a desgraça
Implacáveis, castigam sem perdão
Tem que se reparar a distorção
Da pintura que foi mal desenhada
Transformando em página virada
Problemas que o Nordeste, assola
O sertão não combina com esmolaNem açude, com a lama rachadaJá cantava o sábio Gonzagão
Que esmola é falta de respeito
Vai matar de vergonha, o sujeito
Ou então viciar o cidadão
É preciso uma outra solução
Pra região ser viabilizada
Aproveitando a água da invernada
Reservando o recurso que extrapola
O sertão não combina com esmolaNem açude, com a lama rachadaParece que está mal colocado
O clamor feito em ano de fartura
Mas por isso que lembro da agrura
Do futuro incerto e indesejado
Não podemos alterar o passado
Nem achar que a vida tá traçada
Esperando, com as pernas cruzadas
Pois a seca voraz está na cola
O sertão não combina com esmolaNem açude, com a lama rachadaO Nordeste combina com a alegria
Esse povo, com a felicidade
A sua vida, com a simplicidade
Suas lutas, com páginas da história
Seu passado, com lágrimas e glória
Seu futuro, com um conto de fada
A miséria total erradicada
Crianças, com freqüência na escola
O sertão não combina com esmolaNem açude, com a lama rachada *
(Pedro Augusto Fernandes de Medeiros)
(*) Poema publicado no blog Acari do Meu Amor, em 16/07/2008.
http://acaridomeuamor.nafoto.net/photo20080716190608.html
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