sexta-feira, 27 de março de 2009

O Pneu



O homem inventou a roda
Revolucionou o mundo
Encurtando as distâncias
Percorrendo em um segundo
Onde antes só se ia
Com o pensamento fecundo

Arredondou uma pedra
Fazendo a roda primeira
Depois um outro artesão
Esculpiu-a na madeira
Mais tarde a roda de ferro
Subiu e desceu ladeira

Para ajudar no progresso
A roda foi libertada
Saiu do trilho de ferro
Para encarar a estrada
Que era feita de barro
Sinuosa e esburacada

Era tanto solavanco
Com o carro, quase parado
Foi então que se encheu
Um cilindro anelado
Comprimindo-se o ar
O pneu estava inventado

Essa grande descoberta
Permitiu a evolução
Melhorando a freada
Otimizando a tração
Reduzindo os impactos
Amortecendo o chão

Hoje olho um avião
Que sem pneu não decola
Os veículos de estrada
Que tem uma outra bitola
Ou os carros de corrida
Que quase do chão descola

Olhando a nossa volta
Se percebe a importância
O papel essencial
E a grande relevância
Que o pneu representa
Para qualquer circunstância

Mas é triste perceber
A vã genialidade
Que desenvolveu a roda
Demonstrando habilidade
Não faz esforço nenhum
Para limpar a cidade

Abandona no monturo
Ou no terreno baldio
Esse objeto nobre
É desprezado no rio
Não restando o que fazer
Com quem tanto nos serviu

Deu apoio a polícia
Equipando o camburão
Tá no carro do bombeiro
Que o leva à missão
Transporta o retirante
No regresso ao sertão

O pneu que salvou vidas
Rodando na ambulância
E o que levou riquezas
Transportando a pujança
É refúgio de mosquito
Graças a ignorância

Quem teve inteligência
Com o seu dom de criar
Demonstra nenhum empenho
Para poder reciclar
Abandonando ao léu
Na hora de descartar

Depois de tanto servir
Merecia melhor sorte
Quem aproximou pessoas
Rodando do sul ao norte
Hoje só serve a dengue
Sendo berçário da morte

É o homem no espelho
É o espelho do descaso
O descaso com o futuro
É o futuro ao acaso
O acaso guiando o mundo
O mundo no fim do prazo


3 comentários:

  1. Parabéns por ter criado esse espaço, gosto muito das sua poesias, sempre estou lendo todas, abraços.
    Analúcia de Zé Destão.

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  2. Valeu, Analúcia! Agradeço suas palavras de incentivo. O combustível para passar a dar publicidade aos meus rabisco, que arrisco derramar no papel, é saber que o que escrevo agrada algumas pessoas, como você.
    Sinta-se a vontade para ler e opinar.
    Forte abraço!

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  3. Acho interessante como coisas simples se transformam em obra de arte nas suas palavras.
    Eu nunca tinha olhado um pneu com esses olhos... parabéns de coração....

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